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A Vila de Lages

Foi o governador da capitania de São Paulo quem determinou, em 1766, a fundação da vila pioneira da região serrana catarinense, Nossa Senhora dos Prazeres das Lages, hoje cidade. Após outras duas tentativas sem sucesso, a vila foi implantada definitivamente, no alto da colina ao sul do rio Carahá. Coube a incumbência de fundar Lages ao português Antônio Correia Pinto de Macedo, proveniente de Braga e que já há alguns anos vivendo em São Paulo, havia estabelecido relações com o governador Dom Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão, tendo sido por este nomeado Capitão-Mor e Regente do “Sertão de Curitiba”, ou seja, da extensa área abaixo dos Campos Gerais, entre o rio Negro (atual divisa dos estados de Paraná e Santa Catarina) e a capitania do Rio Grande de São Pedro (atual estado do Rio Grande do Sul).

Planta da Villa de Nossa Senhora dos Prazeres da Fortaleza dos Campos das Lages sobre o Rio do Convento da Capitania de São Paulo. 15 de Dezembro de 1769.
Fonte: Acervo Museu Thiago de Castro

 

É provável que Correia Pinto tenha sido escolhido para fundar Lages também pelo fato de ele possuir terras na região, portanto as conhecia muito bem.

Outro fator também foi importante para a fundação da vila: criar núcleos de apoio à estrada das Tropas, que, afinal, encontrava-se em sua maior extensão completamente desprotegida diante da inexistência de vilas entre Curitiba e os campos de Viamão. O fato é que Correia Pinto instalou-se inicialmente ao sul do rio Canoas, em sítio denominado “das Taipas”, localizado no Chapadão do Cajuru, distante cerca de vinte quilômetros ao sul da atual cidade de Lages. O governador do Rio Grande, sabendo disso, tomou imediatamente providências no sentido de que suas alegações fossem respeitadas, solicitando à administração da Colônia que o núcleo recém-criado fosse transferido para o norte, além do rio Canoas.

Aí, junto ao caminho Viamão-Sorocaba (Estrada Geral das Tropas) instalou-se definitivamente a Freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres do Sertão das Lages, sendo abertas as ruas, construídas as primeiras casas e levantada a Igreja Matriz. Essa implantação estratégica e o caráter oficial da fundação lhe renderam a denominação inicial de “fortaleza”, afinal, consistia em verdadeiro posto avançado na defesa dos interesses da Coroa. “Nossa Senhora dos Prazeres” era a santa de devoção e passou a ser a padroeira da recém-fundada Freguesia, em cuja denominação a palavra “Lages” fazia alusão à concentração de afloramentos de arenito Botucatu, rocha ainda marcante na paisagem dos arredores da cidade.

Apoiado pelo governo de São Paulo e com o consentimento do rei Dom José I, o novo povoado prosperou. Diante do constante movimento de tropas em trânsito para Sorocaba – as quais tinham nesse povoado um importante ponto de apoio para descanso e negócios – além da vinda de novos moradores e do surgimento de inúmeros fazendas de criação de gado nos campos vizinhos, em 22 de maio de 1771 Lages foi elevada à Vila. Neste mesmo ano foram instalados o pelourinho, a Casa de Câmara e Cadeia e eleitos os vereadores e demais cargos administrativos, mantendo-se como capitão-mor Antônio Correia Pinto de Macedo. Até meados do século XIX Lages não apresentou, praticamente, qualquer tipo de desenvolvimento urbano, mesmo após ter seu território e jurisdição transferidos para a Capitania de Santa Catarina (1820), continuando a servir apenas como núcleo de apoio à atividade pastoril das fazendas situadas na região. Somente no ano de 1860 foi elevada à categoria de cidade.

Vista de Lages em 1866
Fonte: Acervo Museu Thiago de Castro

Referências

 

BRUGGEMANN, Adelson André. Ao poente da Serra Geral: a abertura de um caminho entre as capitanias de Santa Catarina e São Paulo no final do século XVIII. Florianópolis: Editora da UFSC, 2008.

 

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.

 

SANTOS, Fabiano Teixeira dos. A Casa do Planalto Catarinense: Arquitetura rural e urbana nos campos de Lages, séculos XVIII e XIX. Lages (SC): Super Nova, 2015. Disponível em: <http://casadoplanalto.com.br/> .

 

 

 

 

 

 

 

Glossário

 

 

Pelourinho: coluna de pedra ou madeira colocada em praça ou lugar público de uma vila ou cidade, onde eram castigados os criminosos e pessoas escravizadas.

 

Casa da Câmara e Cadeia: edifícios onde se instalavam os órgãos da administração e justiça de uma vila ou cidade; simbolizavam o poder local.

 

Jurisdição: poder legal de um Estado para aplicar as leis e  julgar em determinado local.

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